Joias em prata de Pirenópolis
Cultura Empreendedora Pirenópolis / GO
Com o apoio do Sebrae, o artesanato conquistou o selo de Indicação Geográfica, que deu visibilidade aos produtos e elevou a autoestima dos joalheiros.
A importância do Sebrae é enorme, eu avancei muito em termos comerciais, aprendi sobre gestão e me sinto muito mais segura.
Trabalhando como jornalista em São Paulo (SP) na década de 1970, Rosane Regis também era ativista. Lutava contra a censura e a favor de causas ambientais. Até que uma crise existencial a fez trocar a capital pela interiorana Bragança Paulista (SP), onde passou a atuar como professora de história.
Ela já estava na cidade havia quatro anos, quando decidiu ir morar em uma comunidade alternativa próximo a Pirenópolis (GO). Era uma cooperativa fundada por alguns amigos que haviam voltado da Europa e comprado uma área de mata preservada.
Um dos membros da comunidade conhecia técnicas milenares de artesanato em prata, como a estamparia em baixo relevo. Ele compartilhou seus conhecimentos com os outros integrantes, entre eles a Rosane, então começaram a produzir as peças em uma oficina coletiva e depois em oficinas individuais. Assim, o trabalho com a prata foi se difundindo e agradando cada vez mais os turistas e moradores de Pirenópolis
De repente, a gente tinha virado um polo de prateiros, como nós nos chamamos. A prata mudou o perfil sociocultural de Pirenópolis porque deu a base para o turismo de lazer. Antes Pirenópolis era conhecida só pelas belezas naturais.
Segundo ela, as primeiras lojas voltadas para o turismo na cidade foram as de joias em prata. Com o sucesso do produto, os artesãos também eram convidados a vender em feiras em outros estados.
Rosane também abriu sua loja, a RR Designer, que depois passou a se chamar Ro Regis Joias em prata. Ela diz que o apoio do Sebrae nesse momento foi fundamental para consolidar o negócio.
No Sebrae, ela teve consultoria e fez todos os cursos que havia disponíveis na cidade. Anos mais tarde, fez o Empretec, que lhe deu muito conhecimento sobre empreendedorismo. A parceria também abriu muitas portas para feiras e eventos, entre eles a Casa Cor Goiás.
Com o Sebrae, tive acesso às ferramentas de gerência que foram muito importantes para a minha loja. Aprendi que, mesmo querendo continuar sendo uma pequena empreendedora, eu precisava investir no negócio.
A joalheira, que já fazia parte da Associação Cultural e Ecológica dos Artesãos em Prata de Pirenópolis (Aceapp), também trabalhou ativamente junto ao Sebrae para uma conquista importante para os prateiros da cidade: o selo de Indicação Geográfica. A certificação reconhece o valor de um produto, vinculando suas qualidades e particularidades à sua região de origem.
Durante o processo, os artesãos foram qualificados pelo Sebrae e assistiram a diversas palestras. Rosane ficou responsável por levantar o histórico da atividade na região. Quando o selo saiu, segundo ela, o resultado foi bastante positivo.
“Aumentou a visibilidade do produto. Mostrou ao mercado que a joia de prata é importante. Estamos caminhando para que o preço do produto aumente também. E a minha autoestima melhorou muito, para mim foi um reconhecimento enorme do meu trabalho.”
Durante a pandemia, o comércio de Pirenópolis ficou fechado por cinco meses. Rosane diz que, quando os artesãos voltaram a trabalhar, o preço internacional da prata havia subido. Como é aposentada, a joalheira recorreu a um empréstimo consignado para ter condições de voltar a produzir. Outra medida que tomou para enfrentar a crise foi passar a vender seus produtos pela internet.
A prateira diz que, neste ano de 2021, a prioridade dos artesãos é implementar o site da Aceapp, que já está em fase de criação. A ideia é usar a página para também criar uma vitrine virtual das peças produzidas com o selo de Indicação Geográfica, com links para os sites de cada um.
