Goiaba de Carlópolis
Cultura Empreendedora Carlópolis / PR
Parcerias com o Sebrae para certificação de origem e de boas práticas agrícolas valorizaram o produto e aumentaram a procura pela fruta produzida na região.
O Sebrae sempre tem uma orientação importante que sozinho a gente não consegue alcançar. Se houver dúvida e precisar de alguma coisa, os consultores correm atrás da informação para nos ajudar.
Em 1949, aos quatro anos de idade, Iwao Yamamoto chegou a Carlópolis (PR) vindo do Japão, junto com os pais e outros imigrantes japoneses. Ele cresceu na região e foi um dos pioneiros a cultivar uma fruta que levaria o nome da cidade para o mundo todo: a goiaba. Ele fez experimentos para aprimorar as espécies até chegar a uma planta de folhas grandes, frutos graúdos, com a polpa vermelha ou branca.
Quase 50 anos após a chegada de Iwao, em 1998, a goiaba já havia se tornado um produto tradicional da cidade. Foi nesse ano que Inês Yumiko, descendente de japoneses, mas nascida e criada em Carlópolis, comprou um sítio com uma lavoura da fruta e se tornou uma produtora. Mas, dois anos depois, uma forte geada acabou com toda a plantação.
“Perdi 100% da lavoura, ela queimou mesmo. De um jeito que não brota mais. Na época tinha mais ou menos 2,5 hectares. Foi um prejuízo muito grande. Então, como não podia esperar o tempo de plantar e colher de novo, parti para uma produção mais rápida: tomate, pimentão, maracujá. Vendia para merenda escolar.”
Inês continua produzindo hortaliças até hoje, mas em 2011 o Sebrae a incentivou a voltar a produzir goiabas. O órgão entrou em contato com os produtores da região para falar sobre certificação de produtos. A conversa foi progredindo até chegarem ao selo de Indicação Geográfica, emitido pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi) a uma região vinculada à qualidade e às características de um produto ou serviço.
Nesse processo, ela entendeu com o Sebrae que a valorização de produtos certificados se tornaria uma tendência do comércio e que ela precisaria estar preparada para isso.
“Quando chegou esse projeto, eu pensei: vou entrar nesse grupo e vou plantar goiaba. Tanto é que eu entrei no grupo e ainda não tinha um pé de goiaba plantada.”
Para ganhar o selo, o Sebrae também passou a oferecer capacitações sobre produtos rastreados, como rastrear, além das adequações necessárias nas propriedades, como fazer casinha de veneno longe de minas d’água, cuidar das reservas de vegetação, das nascentes, entre outros cuidados no cultivo que passariam a ser fiscalizados.
Para isso, foi criado um grupo específico na Associação dos Olericultores e Fruticultores de Carlópolis. Em seguida, também em parceria com o Sebrae, os produtores associados conseguiram a certificação Global Gap, de boas práticas agrícolas, que abriu portas para a exportação da goiaba.
Na última safra, Inês colheu 24 toneladas da fruta, porque seus pés ainda não estão plenamente maduros – quando estiverem no ponto ideal de maturação, espera colher cerca de 30 toneladas. A produtora diz que as certificações que o Sebrae os ajudou a conseguir foram um grande incentivo.
“Elas fizeram nosso produto ficar conhecido. Começamos a participar de eventos, de feiras internacionais, fomos para a Alemanha, para a Espanha. Tudo isso é marketing, faz a propaganda sozinha. Além disso, aumentou a demanda de exportação.”
Inês diz que as exportações só não estão maiores porque esse mercado ainda está instável devido à pandemia. Em 2020, os produtores ficaram seis meses sem exportar nada, mas aos poucos essas transações estão se normalizando.
Em 2021, o foco, segundo ela, é aumentar o grupo de produtores para atender os pedidos de exportação, cuja demanda não para de crescer. “Quando voltar ao normal, depois da pandemia, vamos precisar de muita goiaba para exportar. E para isso elas precisam ser perfeitas, no ponto certo de maturação.”
